A Importância do Mercantilismo Para o Capitalismo
- Lucas Costa
- 26 de dez. de 2022
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O despertar intelectual do século XVI foi a virada de chave, principalmente para a prática de navegação. O telescópio e a bússola permitiram que os homens navegassem com muito mais precisão, cobrindo distâncias muito maiores. Isso levou as Grandes Descobertas.
Em um curto período, os europeus já tinham mapeado rotas marítimas para as Américas, a Índia e as Índias. Essas descobertas tiveram uma dupla importância:
Resultaram num fluxo rápido e intenso de metais preciosos para a Europa;
Anunciaram uma época de colonização.
No entanto, a produção de ouro e prata, na Europa, tinha estagnado (entre 1300 e 1500). Mesmo com o comércio se expandindo, houve uma escassez aguda de moedas, principalmente ouro e prata. A solução foi encontrada pelos portugueses, quando começaram a extrair metais da África. Daí em diante, houve uma entrada tão grande de ouro e prata, que a inflação tomou conta da Europa.
Durante o século XVI, a economia se encontrava totalmente desequilibrada. Uma disparidade entre preços e salários persistiu até fins do século XVII. Isso quer dizer que a classe dos proprietários de terras (ou a nobreza feudal) e a classe trabalhadora sofreram, porque suas rendas subiram menos rapidamente do que suas despesas. A classe capitalista foi a grande beneficiária da revolução dos preços. Recebeu lucros cada vez maiores e pagou salários cada vez mais baixos.
Os preços, para os mercantilistas eram determinados pelos custos de produção, inclusive uma remuneração, implícita e apropriada do trabalho dos artesãos. Os primeiros registros mercantilistas sobre a teoria do valor refletem em três noções importantes:
"Valor" - preço real de mercado. O preço dos produtos é o valor atual. O mercado é o melhor juiz do valor; Isto porque é com o encontro de compradores e vendedores que a quantidade dos produtos e a ocasião são mais bem conhecidas;
Oferta e demanda, que determinavam o valor de mercado. O preço dos produtos é o valor atual e é obtido calculando-se as ocasiões ou seus usos, com a quantidade servindo aquela ocasião;
"Valor intrínseco". O valor de todos os produtos deriva de seu uso, e seu preço, caro ou barato, deriva de sua abundância e de sua escassez;
O termo capitalismo descreve de modo correto esse sistema de busca de lucro e de acumulação de capital. A propriedade do capital é a fonte dos lucros e, daí, a fonte de mais acumulação de capital. A acumulação primitiva de capital ocorreu no período que está sendo considerado. As quatro fontes mais importantes de acumulação inicial foram:
Volume do comércio;
Sistema industrial de produção doméstica;
Movimento dos cercamentos;
Grande inflação dos preços.
Durante os séculos XVI e XVII, o sistema doméstico de trabalho foi ampliado até tornar-se comum em quase todos os tipos de indústria. Os avanços técnicos da construção naval e da navegação também baixaram os custos do transporte. Assim, durante esse período, a produção e o comércio capitalista prosperaram e cresceram muito depressa. A nova classe capitalista (classe média ou burguesia) substituiu a nobreza como classe que dominava o sistema econômico e social.
Além disso, o aparecimento dos novos Estados-nação assinalou o começo da transição para uma nova classe dominante. Em fins do século XVI e início do século XVIII, quase todas as grandes cidades da Inglaterra, França, Espanha e dos Países Baixos já tinham se transformado em prósperas economias capitalistas, dominadas pelos mercadores capitalistas, que controlavam não só o comércio, mas também grande parte da indústria. Essa época do início do capitalismo é conhecida como Mercantilismo.
No fim da Idade Média até os séculos XVI e XVII a Europa atravessava por uma aguda escassez de ouro e prata, não tendo, portanto, moeda suficiente para atender ao volume crescente do comércio. Numa tentativa de solucionar esse problema, foram estabelecidas políticas bulionistas para atrair ouro e prata para um país e mantê-los no próprio país, proibindo-se sua exportação.
Após uma época bulionista, a vontade dos mercantilistas de maximixar o ouro e prata dentro de um país assumiu a forma de tentativa dos governos para conseguir um saldo favorável na balança comercial, ou seja, ter mais moeda entrando no país que saindo. Dessa forma, a política da época era de estimular as importações e desestimular as exportações. A manobra que dominou esse período foi a criação de monopólios comerciais.
Além de estabelecer monopólios, todos os países da Europa Ocidental aplicavam extensos regulamentos às atividades de exportação e importação. Dava-se ênfase especial à proteção das principais indústrias de exportação contra a concorrência estrangeira que tentasse penetrar nos mercados internos das indústrias exportadoras.
Não se sabe exatamente até que ponto o pensamento mercantilista foi motivado pelo desejo de aumentar o poder do Estado ou até que ponto foi um esforço mal disfarçado para promover os interesses especiais dos capitalistas. A distinção é relativamente sem importância, porque quase todos os mercantilistas acreditavam que a melhor maneira de promover os interesses do Estado era promover políticas que aumentassem os lucros dos mercadores-capitalistas.
Portanto, o Mercantilismo foi o momento que ocorreu mudanças tanto políticas como sociais que colaboraram na transição para o Capitalismo como:
Acumulação;
Balança comercial positiva;
Propriedade privada;
Nova classe dominante.
Entretanto, as consequências da adoção dessas políticas citadas não resolveram os problemas, a inflação continuou e a pobreza e desemprego surgiram como novos problemas. Coube ao movimento seguinte (Fisiocratas) resolver esses problemas, mas isso é tema para um outro artigo.






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