A Arte de Roubar e Fazer Melhor
- Lucas Costa
- 19 de jan.
- 4 min de leitura
Criar algo novo não é tarefa fácil. Mas, e se a verdadeira inovação viesse de um “roubo”? Não o tipo de roubo que leva alguém para a cadeia, mas aquele que transforma ideias existentes em algo único. É exatamente isso que Austin Kleon nos ensina em “Roube Como um Artista”, um livro provocativo, direto e cheio de reflexões práticas sobre criatividade. Inclusive, foi o livro que me motivou a abrir meu primeiro CNPJ, a GYMDELA.
Neste artigo, vamos explorar as principais lições do livro, descobrir como podemos “roubar” ideias com ética e criatividade, e refletir sobre como isso pode transformar nosso trabalho e nossa vida.

1. Todo Artista é um Colecionador de Ideias
Uma das premissas fundamentais de Kleon é que nenhuma ideia surge do nada. Grandes artistas, inventores e criadores sempre buscaram inspiração em suas referências. Ele nos lembra que:
“Nada é original. Tudo o que existe é uma reinterpretação de algo que veio antes.”
Um exemplo marcante é Pablo Picasso, que dizia que os bons artistas copiam, mas os grandes artistas roubam. A diferença? Copiar é apenas reproduzir, enquanto roubar é absorver, transformar e criar algo novo.
Para começar a “roubar” como um artista, observe o mundo ao seu redor e crie um “arquivo de inspirações”. Pode ser um caderno de anotações, um mural ou até uma pasta digital onde você coleciona referências visuais, frases marcantes, músicas ou até memes.

2. Roube de Muitos Lugares, Não de Um Só
Se você rouba de uma única fonte, está apenas copiando. Mas, ao misturar influências diversas, o resultado é algo completamente novo. Kleon nos encoraja a criar o que ele chama de “árvore genealógica criativa”. Escolha seus artistas ou referências favoritas e mergulhe profundamente no trabalho deles. Depois, descubra quem inspirou essas pessoas e vá mais fundo.
Por exemplo, se você gosta de um escritor contemporâneo, leia os clássicos que ele admira. Ou, se é fã de um músico, descubra os estilos que o influenciaram. Esse exercício ajuda a criar um repertório rico e diverso, onde sua identidade criativa começa a emergir.
3. Trabalhe Dentro das Suas Limitações
Outra lição importante do livro é que limitações podem ser benéficas. Não ter todos os recursos ou habilidades pode parecer um obstáculo, mas muitas vezes isso força a criatividade a florescer. Kleon sugere que usemos o que temos no momento e façamos o melhor possível com isso.
Um exemplo disso é o diretor Robert Rodriguez, que usou um orçamento baixíssimo para filmar El Mariachi. Ao invés de lamentar a falta de recursos, ele trabalhou com o que tinha – e isso o tornou um pioneiro no cinema independente.
Lição prática: se você só tem um celular para criar vídeos, use-o ao máximo. Se tem pouco tempo para escrever, concentre-se em microtextos poderosos e assim vai.

4. Copiar Não é Roubar: É o Primeiro Passo para Criar
Kleon dedica um capítulo à importância de aprender copiando. Quando imitamos algo, estamos, na verdade, aprendendo como aquilo funciona. O truque é não parar na imitação, mas sim transformá-la.
Por exemplo, músicos aprendem tocando canções de outros artistas antes de desenvolverem suas próprias. Escritores muitas vezes começam imitando o estilo de seus autores favoritos antes de encontrarem sua voz.
No entanto, Kleon alerta:
“Não copie a superfície; copie o pensamento por trás da obra.”
Entenda as decisões criativas, o processo e o contexto. Isso é roubar com inteligência.
5. Encontre Sua Tribo Criativa
Criar não precisa ser um ato solitário. Segundo Kleon, um artista é tão bom quanto a comunidade em que está inserido. Ele sugere que busquemos pessoas que compartilhem interesses semelhantes e que nos inspirem a ser melhores.
Hoje, isso pode ser tão simples quanto seguir as pessoas certas nas redes sociais, participar de fóruns online ou se conectar em eventos criativos. Além disso, compartilhe seu trabalho com o mundo, mesmo que ele não esteja “perfeito”. A troca de ideias é uma parte essencial do processo criativo.
6. Permita-se Ser Entediante
Parece contraditório, mas Kleon afirma que o tédio pode ser um dos maiores aliados da criatividade. Em um mundo hiperconectado, onde estamos sempre ocupados ou distraídos, as melhores ideias muitas vezes surgem nos momentos de pausa.
Dica prática: reserve momentos do seu dia para simplesmente não fazer nada. Deixe o celular de lado, observe ao redor, permita que sua mente vagueie. Você pode se surpreender com o que surge nesses momentos.

7. O Importante é Fazer
Por fim, talvez a lição mais impactante de “Roube Como um Artista” seja a ênfase na prática. Kleon nos encoraja a abandonar o perfeccionismo e simplesmente começar. Não importa se a primeira versão é ruim; o essencial é continuar criando e refinando.
Uma frase que resume isso bem é:
“A criatividade é mais sobre trabalho duro do que inspiração.”
Grandes artistas e criadores não esperam por um momento mágico. Eles criam a partir da prática diária.
Conclusão: Roube Com Honestidade e Crie Algo Novo
Roube Como um Artista não é apenas um livro sobre criatividade; é um guia prático para desbloquear nosso potencial criativo de forma autêntica e ética. Ao roubar ideias com sabedoria, misturar referências e praticar constantemente, podemos criar algo que seja verdadeiramente nosso.
E aí, pronto para começar seu próximo “roubo artístico”?
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